quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Lucy e a Índia

Fazendo um balanço da temporada na Índia, senti uma estranha indecisão quanto às minhas impressões: um misto de carinho e torpor, amor fraternal e ódio eterno, admiração e repúdio àquela terra e àquele povo maluco.

A Índia, ao lado do Tibete, são definitivamente os países menos ocidentalizados que pisamos, o que torna a experiência mais rica e menos fácil. Quando isso ocorre, o visitante deve se entregar mais, receber mais, se adaptar mais. No fundo, aprender mais. E aprender, de certa maneira, dói.

Nos últimos dias de Índia percebi que já havia sentido estas perturbações em outro momento de minha vida, em circunstâncias bem diferentes, mas que também envolviam aprender - no sentido mais tradicional do verbo. Mais precisamente, era o final do terceiro colegial.

Sabe aquela professora brava, reta, exigente e ao mesmo tempo zelosa e comprometida? Resultado: durante o ano inteiro todo mundo sofre, fala mal, xinga, esperneia, vira a noite estudando pra prova, depois passa na prova da escola, passa no vestibular, cresce, amadurece e, por fim, agradece o anti-herói: a professora Lucy.

Muita gente, acho, cai na moda - esquema maria-vai-com-as-outras. Se todo mundo fala bem da Lucy, eu também vou falar! Coisa de adolescente ou pura falta de senso crítico. Outros realmente reconhecem o valor de seus ensinamentos do ponto de vista pedagógico, ou agradecem o conhecimento de química orgânica adquirido ou, no mínimo, reconhecem o carinho da bem-intencionada maestra com seus alunos pentelhos.

No caso da Índia, acho que já passei no "vestibular". Agora falta crescer e amadurecer. A digestão desse país (e nesse país!!!), já percebi, não é fácil. Mas desconfio que haverá muita coisa para, num futuro próximo, agradecer.

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