quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O Tempo e a Privada na Índia

O tempo é um recurso incrível que a humanidade capturou da natureza a partir dos ciclos astrais. Tem o calendário maia, composto por 20 dias e 19 meses; o nepalês, que está 79 anos adiantado; o baiano, que deve ter uns 300 feriados por ano; o asteca, que não tenho idéia como funciona, mas é famoso e por isso achei que dava ibope; o católico baseado no nascimento de Cristo etc. Apesar das diferenças entre esses e outros calendários, todos cumprem a função de parametrizar o tempo, permitindo que as sociedades se organizem ora com o intento de aumentar sua capacidade produtiva, ora com o intento de prever fenômenos naturais como eclipses, ora movido por interesses do sacro, ora do santo (capital, claro). No final, entretanto, parametrizar o tempo reflete necessariamente uma busca por coordenação entre diferentes partes.

No entanto, no folclore popular, há situações em que o relógio não cabe. Quando alguém me pergunta há quanto tempo cheguei a um boteco, respondo prontamente na medida de tempo adequada: "Há três chopps e meio."

Ou, assistindo a um jogo do Brasil, um diálogo perfeitamente cabível seria:

- Cara, foi mal, cheguei atrasado! Quanto tempo do jogo com o Dubai eu perdi?
- Cara, você demorou muito.
- O Ronaldinho já pegou na bola?
- Já... Duas vezes!
- Pô, então já tá no segundo tempo?

Nós, aqui na Índia, na pequena cidade sagrada de Pushkar encontramos um casal super simpático de brasileiros - Guto e Gabriela - e engajamos logo uma conversinha daquela típica quebra-gelo de viajante: de onde vocês são e onde moram no Brasil? O que você faz? E você? O Corinthians caiu mesmo ou é trote dos Saopaulinos? Qual seu próximo destino na Índia?

Até que fatalmente pintou a questão temporal:

- E desde quando vocês estão na Índia?
- Hmmm, fiz rapidamente as contas. Três caganeiras, arrematei.

É. A unidade de tempo na Índia do turista branquelo cheirosinho do ocidente é definitivamente a performance evacuativa. Afinal, se você veio pra Índia e não fez uma respeitável coleção de caganeiras - me desculpem a franqueza - mas você não viveu o país em sua, digamos, plenitude cultural.

2 comentários:

Guilherme Jotapê Rodrigues disse...

Conheço vocês, já há 3 namoradas!!!

Um puta natal! e um 2008 cheio de realizações e alegria!!!

Beijo

Unknown disse...

hahahahaha
muito bom!!!
No clima escatologico: no caso da india, ainda dá pra separar as caganeiras solidas das liquidas das diarreias incontroláveis!!!!