quarta-feira, 31 de outubro de 2007

domingo, 21 de outubro de 2007

Tratado Sobre as Camadas de Sujeira do Pé*

Após seis dias sem banho, subindo os desumanos 5.895m de altura do Kilimanjaro, teto da África, enfrentando quilômetros caminhada debaixo de sol, frio, chuva, granito, neve, altitude, tiro definitivamente a bota de escalada para lembrar o que é um banho quente.

Analisando cuidadosamente meu pé de mochileiro, reflito sobre os diversos níveis de sujeira que se superpõem à pele virgem. Após um par de banhos, discerni cuidadosa e cientificamente tais níveis e classifiquei-os em 4 camadas, facilmente identificáveis para um especialista como eu, quais sejam:

Camada1: Batizada singelamente de "Temporária", representa aquela camada superficial mais viva, dinâmica, presente, acumulada suavemente ao longo do dia - ou dias, dependendo do hábito do cidadão - e que vai embora pacificamente com o banho, mesmo sem uma atenção especial ao membro inferior na lavagem. É, fundamentalmente, aquela sujeirinha entre os dedos misturada com suor.

Camada2: Denominada dubiamente de "Conforme". "Conforme" primeiro porque ela é proporcional ao ambiente, sua intensidade depende do terreno - lama, poeira, banheiro alagado de boteco; mas "Conforme" principalmente porque a sujeira toma a forma do calçado: se for tênis, fica mais protegido, mas se for papete por exemplo, ficam aquelas faixas antipáticas de limpeza atravessando o pé, enquanto o resto fica uniformemente sujo, salvo a sola do pé, protegida. Já se for havaiana (minha favorita!), fica aquela forquilhinha que principia no dedão e dorme uma em cada lateral do pé. Em qualquer destas circunstâncias, apenas a mão e um sabonete duro de motel são suficientes para esfregar a sujeira pro ralo.

Camada3: Apelidada carinhosamente de "Consistente", é aquela camadinha de sujeira que você não consegue tirar em um dia, nem em dois, até que você começa a simpatizar com ela, sentir como parte de si, tal como uma pinta ou verruga. Mas infelizmente sempre chega o fatídico dia: a patroa vê e te obriga a apelar pro escovão com cãndida e sabão em pó ou até para a lima de ferro - em casos que já se tenha convertido em calo.

Camada4: A última, e mais ferrenha camada de sujeira se aloja tão rente à pele que chega a alterar seu aspecto - em particular textura e cor, mas com o tempo pode também interferir nos odores produzidos. É uma camadinha leve, porém insistente; suave, porém dura. É um quê na sola do pé que indica que algo não está igual estava ontem. É a marca, não do tempo apenas, mas do espaço percorrido. Gosto de pensar que o pé leva consigo um grãozinho de cada Terra que pisa. Por isso batizei a camada 4 de "Cicatriz".

*Dedicado a Tiago e Julinha, que com muito afã lograram me convencer que 3 cuecas não eram o suficiente para uma viagem de 8 meses por questões de saúde pública e matrimonial, o que me levou a comprar duas cuecas azuis na Zâmbia pra completar o enxoval de viagem.

Memorias do Kilimanjaro: NO CUME

Ao chegar ao topo, após quase sete horas de subida mais que íngreme, me arrasto para uma pedra que parecia mais um sofá da Tok-Stok de tão apetitosa para sentar. Ao olhar para baixo, vendo o que acabáramos de superar, a memorável (em muitos sentidos) subida aos cinco mil setecentos e cacetada metros do "Stella Point", última parada antes do pico e definitivamente parte mais dura do caminho, choro. Ao olhar o sol nascendo como um ovo frito - segundo a Maca - no horizonte achatado, choro. Ao perceber que o horizonte estava nitidamente bem abaixo da altura em que estávamos, choro. Mas, ao ver cada pessoa que alcança o mesmo ponto, exausto, inexpressivo, uns com o lábio meio roxo indicando indisposição com altura ou talvez simplesmente muito frio, outros praticamente carregados por amigos e colegas, choro copiosamente.

De tanto chorar, caio na gargalhada, ainda chorando, e sigo viagem: tem mais uma fucking hora pra chegar no Uhuru Peak, Paa La Africa, topo do continente, e não sei de onde aparecem forças. Me penduro nos bastões de hiking - nunca achei que fosse usar essa viadagem, quanto menos depender! - e começo os meros últimos 120m de desnível. O fato de ver as pessoas ao longe, vários pontos coloridos de casacos de frio - roxos, verdes-limão, vermelhos, azuis turquesa - se mexendo e sacando fotos na placa indicativa do pico, fazem a cabeça, mas não seriam suficientes. Um instante antes, enquanto eu tentava desesperadamente engolir uma caneca de chá e uma bolacha doce, não havia cheerleader ou eletro-choque que me tirasse do sofá Tok-Stok. Não haveria glaciar, nascer do sol, vista acima das nuvens, platô nevado, cratera de vulcão, nada que me fizesse mexer o esqueleto novamente para alguma direção que não para baixo, não fosse que a Maca sorriu - estava menos mal que eu - e levantou-se, fazendo piadas e tirando fotos e vídeos da situação. Misturou a inspiração da alegria dela ao meu orgulho por ela ter conseguido e ao meu orgulho próprio de querer conseguir também.

Uma hora mais tarde, pontualmente às 07h35 - ao menos é o que diz no diplominha -, estávamos no topo da África. Ela, tirando fotos e curtindo. Eu, tentando, novamente, controlar o que era mistura de choro e riso.

Memorias do Kilimanjaro: O DIA D

Pé esquerdo. Passo curto. Bastão direito, quase simultâneo. Balance o corpo. Cuido com as pedras. Passo (muito) curto. Não vejo muita coisa. Pisei firme. Respirando, devagar. Pé direito. Bastão esquerdo, quase simultâneo. Whitey canta Whitney: l will always love you..ouououu... Balance o corpo. Pisei firme. Olho o alto, ainda alto. Luzes caminhando num horizonte distante respondem que sim, muito alto, e como! Ai... dor de cabeça! Pára, respira. Olho para baixo. Luzinhas indicam que andei muito, estou alto, muito alto. Pé esquerdo, passo (mais) curto (ainda) para recomeçar. Bastão direito, quase simultâneo, mais força no braço: a perna já falha, as costas trincam e os dedos da mão congelam. São quatro da manhã. Quinze graus negativos. Estamos subindo no escuro, na altitude e no frio há mais de quatro horas e ainda faltam outras três e tanto. Meus pés congelam. Dor de cabeça! Náusea, acho que vou vomitar! Pára de pensar... Apenas ande, diacho: Pé direito. Bastão esquerdo, quase simultâneo. Cuidado com as pedras. Mais força no braço que a perna tá falhando. Respira com calma. Pela boca mesmo, pouco importa a cirurgia de septo pra respirar melhor. Septo? Ai! Cabeça... Pára de pensar!!! Pé esquerdo.. passou um minuto. Faltam três e tantas horas menos um minuto. Ai, minha cabeça! Pára de pensar! Bastão direito, quase simultâneo... Whitey canta Hakuna Matata, means 'no worries'...

Sempre fui apressadinho. Sempre fui o primeiro a terminar o dever de classe. Minha mãe era mãe feliz, nunca tinha que cobrar que eu fizesse o dever de casa após o almoço, pois, como mostrava no começo da dita 'vida acadêmica', já havia feito em classe; enquanto a professora escrevia na lousa, explicava e tudo mais, eu já tinha copiado e resolvido os problemas real time.

Evoluí a paranóia da eficiência e depois de algum tempo treinando, consegui desenvolver uma técnica impressionante para escovar os dentes e pentear o cabelo - antes de desistir completamente da idéia de pentear o cabelo, uma vez superada a vaidade adolescente. No trabalho, a evolução do computador para o modo multi-tarefa foi a minha realização, o antigo sonho de muitas janelas ao mesmo tempo! Moral da história: sempre fui um cara eficiente, multi-tarefa. Quando Whitey começou com a história de "Pole pole..." (Devagar, devagarinho...) para subir o Kilimanjaro eu pensei em meu passado esportista e subestimei a sugestão, mas resolvi obedecer pensando no bem da Maca. Na noite do 'ataque' ao cume eu entendi o real significado: para marinheiro de primeira viagem, é 'Pole pole' ou nada. Conselho? Deixe a arrogância em casa, você não sentirá falta alguma.

Não sei muito sobre Zen Budismo, mas entendo que muito tem a ver com o desfrute máximo da atividade em curso, não importa a qualidade ou a importância, o glamour ou a indiferença que o resultado de tal atividade possa provocar na comunidade, seja dentro de casa, seja no mundo. Diferentemente do carpe diem hedonista próprio da sociedade pós-moderna, o zen-budismo não prega a busca de atividades prazeirosas para curtir o momento, mas sim prega que toda e qualquer atividade deva ser feita com satisfação e pode e deve ser 'prazeirosa', por mais simples, desimportante ou trivial que pareça - como, por exemplo, lavar a louça ou dar o próximo passo - e deve ser feita com o melhor de si. Aí reside o verdadeiro e simples prazer, e não nos esportes de adrenalina - bungee jump, pára-quedas etc.

Evidentemente a idéia do zen-budismo é muito mais adequada para descrever a filosofia que suportou minha subida ao Kilimanjaro que o hedonismo e a busca do prazer frugal, fácil, roliúdiano - já que, de frugal e fácil, não teve nada, talvez roliúdiano. Cada passo é o máximo que posso fazer agora, cada passo é uma conquista. E olhe que foram muitos passos: 60km em 6 dias, desnível de mais de 4 mil metros de altura, temperaturas de 30 a -15°C, 22 horas de caminhada nas últimas 48 horas da subida, 7hs e meia de subida pura, sem refresco, no ataque ao cume.

Mas mais do que isso: cada passo é o máximo que se podia fazer. Pensei na vida, PÁ!, dor de cabeça. Virei para ver algo, POU! náusea... vou conversar com alguém na trilha HMMM... vontade de vomitar. Então era cabeça baixa, Pole pole, muita fé em algo e algo de fé no guia. Fé: aquela forcinha interior que ninguém sabe de onde vem, que em nosso caso contava com uma ajudinha externa que era nosso guia alto astral: Whitey, o rei do Kili, que cantava Guantamera com sotaque Swahili a plenos pulmões, enquanto todos procurávamos onde ele estava achando todo aquele ar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

De Longe, Tão Perto*

Quando estamos correndo, dia a dia, submersos em preocupações mundanas - contas, horário, trabalho, jogo do Corinthians - é fácil esconder ou subjugar uma emoção, afogando-a no mar de vicissitudes circunstanciais. Conclui-se então que, ao viajante, desprendido (ao menos supostamente) de todas estas cotidianidades, existe uma aparente vantagem: poder se envolver com os problemas próprios e alheios, ouvir mais suas comoções pessoais, abrir mais o coração para auscultar-se profundamente, com os sentidos em alta e a mente livre.

No entanto, ao livrar-se de grande parte das amarras que ofuscam as emoções radicais, deixando para trás casa, trabalho, celular, Corinthians, naturalmente criam-se novos espaços, como se, jogando fora o amontoado de pequenas coisas do cotidiano, se descobrisse um buraco, um vácuo emocional, pronto para ser preenchido - é evidente que ao menos família e amigos permanecem em outra dimensão, afetada de forma especial. Logo, quando somos colocados, de repente, diante de uma anomalia, uma situação inesperada, nos vemos surpreendidos além do hábito e as emoções afloram com uma intensidade completamente revigorada, preenchendo-nos, afetando-nos mais que o usual.

Boas notícias, más notícias, exaustão física, relaxamento físico - tudo tem maior impacto. É como uma tempestade logo após céu azul: inesperado, ainda que previsível; surpreendente, ainda que óbvio; catártico, ainda que natural.

Assim, em viagem, re-construímos nossa sensibilidade: de longe, tão perto. Rumando, aos poucos, de volta ao mundo.

*Em memória de Georgina Bernain, la linda abuelita pianista.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Kilimanjaro "Pole, pole"







WHITEYYYY!!!!!!


















"Pole,pole"!!!!!!! (lento=devagar, en swahili) nos decía todo el tiempo nuestro guía, "Whitey", durante los 6 días de subida. "Pole, pole", según Whitey, es el secreto para poder llegar a la cima de 5895mts. Y así fue, nuestro súper guía logró hacernos llegar al "techo de África" (como le dicen aquí) el 12 de oct a las 07:25 de la mañana a duras penas después de haber subido toda una noche.

En el Kilimanjaro hay tres tipos de personas:

1) guías y "porters" (cargadores): seres de otro planeta que resisten al frío y a la altura con 20kg de peso sobre la cabeza y que cada día salen desde el mismo punto de partida que uno una hora después y llegan al punto de encuentro una hora antes con el mejor de los buenos humores para dejar todo listo (carpa, comida, etc.) para cuando nosotros, apenas cargándonos a nosotros mismos lleguemos.

2) Suizos y franceses "superiores": europeos que practican alpinismo y trekking, entrenados para aguantar el esfuerzo físico con naturalidad sin importar edad ni sexo, con el mejor de los súper conjuntos "timberland old north face,etc" para turbinar la subida.

3) Los mortales "amateurs": seres sin ninguna preparación física que piensan que subir el Kilimanjaro es una cosa tranquila (entre ellos, nosotros, una simpática pareja de Barbados representando a centroamérica y otros más).

Ese es el mundo del Kilimanjaro, los turistas y su "tripulación". Se necesitaron 7 personas para llevarnos hasta la cima (4 porters, 1 cocinero, un guía asistente y Whitey).
La subida fue durísima, pero linda, el paisaje iba cambiando: bajo las nubes, el bosque, los líquenes, sobre las nubes, las piedras, el desierto, las otras montañas alrededor, el viento, el frío, la nieve, el mundo "de abajo".

Tuvimos días de sol radiante, de viento y nieve hasta los huesos, nos apunamos (=mal de altura), descansamos. Conversamos con nuestros amigos (porters y guías responsables por nuestra "sobrevivencia") y observamos el África de la montaña, tan diferente al de las jirafas y elefantes.
Ahora en tierra firme, mirando para atrás sólo pienso en tres "no":

- ¿Hubiera subido si realmente supiese lo difícil que iba a ser?: NO
- ¿Lo haría de nuevo?: NO
- ¿Me arrepiento de algo?: NO

Subir al Kilimanjaro para mí fue una especie de limpieza, paré de pensar y me llené de nuevas sensaciones inexplicables. Vi que desde 5985mts de altura el horizonte es redondo y que cuando amanece, el sol sale como un huevo frito entre las nubes (no pude sacar una foto de ese momento, mi cámara simplemente se "congeló", solo después súper Whitey logró hacerla funcionar).

Al subir el Kilimanjaro me di cuenta también que la fuerza física es tu mejor aliado, pero no el único y que la mente y la concentración pueden ser extremamente poderosas.

Durante esos seis d'ias hicimos un gran amigo, Whitey, quien no sólo nos guió, sino que nos cuidó con el corazón.

Ahora, los dos, con las piernas y poto molidos, estamos en Nairobi, mañana partimos por dos semanas a Madagascar y realmente no sabemos qué esperar, ni siquiera vimos la película..., pero estamos ansiosos, después les contamos cómo fue.

Besos y abrazos cariñosos para todos!!!!!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Kilimanjaro em Duas Palavras

Voltamos saos e salvos do Kili, "Paa la Africa" - o teto da África.

Apos uma intensa experiência, minha conclusão pessoal pode ser resumida por um trecho de minha futura entrevista com Jo Soares:

Jo Soares: "Marcelo, voce acha que valeu a pena o perrengue?" (sim, o Jo falaria perrengue com certeza!)
Marcelo:"Nao."

Jo Soares: "Mas... voce faria de novo?"

Marcelo: "Sim"

Sangue com Suíngue

- "Quer dançar?", pergunto timidamente.

A menina, que nem muito bonita era, hesita, buscando aprovação das amigas, que regozijam em um risinho pré-adolescente. Não, isto não é um bailinho para pré adolescentes tocando Dire Straits. Estou falando de adultos com muito mais de 20 em um forró de uma cidade cosmopolita como São Paulo.

- "Não quero te beijar, quero dançar simplesmente. E aí, precisa autorização da mãe?", replico, encardido.

Nosso mundo romano-anglo-ocidental-sei-lá (circuito Europa/América) associa a dança diretamente a ritos sexuais. No mínimo à uma conquista de uma noite. Foi então que chegamos à África.

A África é um mundo à parte em muitos sentidos, e este é definitivamente um dos sentidos mais evidentes. Nas boates e shows ao vivo, é cena comum um homem dançando só, despreocupado. Não menos comum é homem tirar homem pela mão para dançar. Não posso afirmar que a dança, o ambiente de discoteque não forneça todos os elementos para a conquista, nem que os africanos não utilizem a dança como forma de sedução, muito pelo contrário: dançam de forma bastante erótica. No entanto, subjaz uma despretensão que associa a dança pura e simplesmente com diversão - como deveria ser?

Ver um africano/a dançar é uma cena surpreendente, não apenas pelo suíngue no sangue - suíngue que o brasileiro que gosta de samba, gostou de lambada ou apenas admira os dribles do Robinho conhece de perto - mas pela entrega. Olhos fechados, braços estirados, rosto mirando o teto ou o céu, cintura invariavelmente requebrando, o africano, acima de tudo, sente a música. Uns pulam mais, outros se mexem vagarosamente, por vezes parecem atrapalhados, mas nunca perdem o ritmo, muito menos a espontaneidade.

Por isso começo agora o movimento, dedicado a aumentar a espontaneidade nas pistas de dança de todo o mundo:
  1. ABAIXO AS COREOGRAFIAS DE AXÉ;
  2. ABAIXO A DANÇA DE SALÃO;

    ...Mas, acima de tudo:

  3. ABAIXO AS MENINAS PUDICAS NOS BAILES DA VIDA!!!

Quem estiver de acordo por favor levante o dedo e digite um comentário.

domingo, 7 de outubro de 2007

"Jambo" Zanzibar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Cuando llegamos a Zanzíbar, lo primero que escuchamos fue un "Jambo"!=(tudo bem?), es así como los locales te saludan, todos, sin excepción, seguido de un tierno "Karibu"=(bienvenido), lo único que opaca la simpatía y calidez de los Zanzibarianos son los "pappasi" (hombres irritantemente insistentes que quieren venderte tours o CDs), pero bueno, es un lugar casi perfecto.

Zanzíbar es súper exótico con una fuerte mezcla de culturas. Antiguamennte fue la capital del imperio árabe en el este de África con sultán, palacio, harem y todo. Las actividades principales de la isla en la época eran las plantaciones de especias y la venta de esclavos (hoy las plantaciones de especias continúan, hicimos un "Spice tour" donde pudimos probar y oler varias especias en el medio de las plantaciones). Hoy en día, el archipiélago de Zanzíbar es un estado semi-independiente de Tanzania con administración y hasta inmigración propias.

Pasamos 4 días en Stone Town, la ciudad antigua, donde nos perdimos por sus pequeñas callecitas, escuchando las oraciones de los musulmanes y viendo cómo en la noche grandes y chicos salían a la calle para, repito, en la calle, cocinar, ver televisión, jugar juegos de mesa o simplemente conversar después de un día de ayuno por causa de Ramadán.
Además de andar por las callecitas, vimos varios mercados, comimos pescados y mariscos hasta no dar más, vimos puestas de sol lindas y escuchamos música zanzibariana (una mezcla entre oriente y rumba) de la mejor calidad con Mohamed y sus músicos. La experiencia con los músicos fue increíble, los conocimos un día en un lugar turístico y nos invitaron al día siguiente a un lugar, escondidísimo y ni un poco turístico, donde ensayaba una orquesta local, ese momento fue uno de los puntos altos del viaje, son músicos de calidad, pobres, alegres y receptivos que aman lo que hacen y fue realmente un privilegio conocer su trabajo.

En Stone Town conocimos a Susanne y Stephan, una pareja de alemanes absolutamente adorables que fueron nuestros compañeros de viaje por una semana. Junto con ellos llegamos a "Nungwi", un pueblito minúsculo al norte de la isla donde encontramos "el paraíso": arena blanca, agua turquesa y tranquilidad. Por algunos días nos maltratamos, frecuentando bares y restaurantes al lado de la playa y con un paseo de snorkeling donde vimos a Nemo, y un montón de otros peces de colores, un verdadero acuario natural!

Desde Nungwi, partimos los cuatro a la costa este de la isla. Cuando llegamos pensamos que todo era una gran broma (=brincadeira), nos quedamos con la boca abierta, si Nungwi era el paraíso, esto era el súper-mega-paraíso con una playa eterna con NADIE, un lugar con una pequeñísima infraestructura turística y arena y sol para tirar al cielo. Pasamos unos días relajadísimos con la buena compañía de nuestros nuevos amigos olvidando que fuera de ese lugar hay mundo.

Llegó la hora de la despedida, Susanne y Stephan partieron de vuelta a Alemania, nos dio penita, pero esperamos su visita el próximo año en Chile y no dudo que irán!! Nosotros partimos de vuelta a Dar es Salaam en un ferry donde nos mareamos como pollo, fue atroz y peor aún la llegada a la ciudad caótica, fue un verdadero trauma después de tanto paraíso (todo tiene su final... snif!), pero a seguir viajando!. Tomamos un avión hasta Moshi, en el norte de Tanzania, la ciudad base de donde vamos a subir el Kilimanjaro. Partimos mañana en una "expedición" de 6 días. Espero que lleguemos a la cima, sólo alrededor de un 60% de las personas llegan, la altura es el problema, pero por eso escogimos hacerlo en 6 días y no en menos, para ir aclimatándonos. Así es que aquí estamos, ansiosos esperando nuestra nueva aventura!!!!! Abrazos cariñosos para todos!!!!!!!!!!

Maca





Susanne y Stephan