Sempre gostei de esportes. Nunca fui fanático, estilo cara da atlética ou capitão do time - talvez mesmo por falta de competência -, mas sempre joguei, treinei, me diverti e mantive uma forma física, se não invejável, ao menos aceitável.
Viajando, no entanto, é difícil manter a rotina. Quando é viagem a trabalho, se sobra um tempo dá até pra dar uma corridinha, mas é exceção. Já em viagem longa como esta, não é viável, por exemplo, carregar um Nike Air ou chuteira society. Nem nunca a gente fica estável em um lugar pra encaixar num basquete ou futebolzinho semanal.
O resultado é fatal: nada de esportes normais como futebol, vôlei, natação ou uma corridinha esperta. O máximo que consegui, com esforço, foi um vôlei na praia em Zanzibar com uns branquelos dinamarqueses e uma troca de embaixadinhas com molecada no Nepal. Pouco. Mas nada que a gente não substitua com um pouco de criatividade.
Assim nasceu o fotol. O fotol, categoria desportiva típica do adolescente, é muito simples: trata-se de se meter correndo nas fotos alheias, preferencialmente fazendo uma esforçada careta, sem que o fotógrafo ou o fotografado perceba. Imagine clicar aquele momento romântico com a Victoria Falls e um arco-íris, durante a lua de mel dos pombinhos, e descobrir, na hora de fazer um porta-retrato, que tem um mané com a língua pra fora no fundo? Ou que a noiva tá de chifrinho? Ou que o noivo tem 4 braços?
Eu sei, é bem besta. Por isso mesmo, não sei se porque amadureci ou por conta da revolução das câmeras digitais, deixei de praticar o fotol um tempo atrás. Porém esta semana, ao visitar o sensacional Taj Mahal, tive uma recaída...
Fato é que hordas de famílias de animadíssimos indianos visitam diariamente a famosa tumba de mármore - nesta época do ano deve ser uma proporção de 10 indianos para 1 estrangeiro. Mas o mais curioso é que a maioria dos grupos leva consigo um - ou mais - fotógrafo, digamos, profissional. E o que é mais legal é que os fotógrafos ainda utilizam câmera analógica, digamos, profissional. Hmmm...
Ok, você vai dizer, mas você já tem mais de 30, tenha dó! Sim, admito. Mas explico dois motivos:
(1) Tem que ver pra crer a enormidade de fotos que se tira com todas as variações de composições - Sir and Madam, only Madam, Madam and Young Lady, Sir and Young Lady, Sir, atrás da Madam, mão no ombro, sorriso... meia hora e os caras continuavam no lugar mais VIP do Taj, enquanto isso uma fila de turistas europeus insuportavelmente pacientes acumulava esperando para poder tirar a típica foto do edifício com o reflexo no espelho d'água;
(2) Cada pose... meu, o indiano tem um lado brega invejável, que vai desde as roupas (em particular as bocas de sino masculinas) até a originalíssima Bollywood (aliás, assistimos a um filme animal ontem em um cinema que parece um dantop gigante! Em breve o depoimento). Posava Madam de ladinho, com as perninhas em cima do banco, com as mãos no joelho, olhando pro céu; posava Sir em pé atrás de Madam sentadinha, no melhor estilo faroeste; isso quando não pedem pra você, ocidental, sair na foto; e por aí vai.
(O que é mais legal é que eles sabem o quanto é brega, e dão risada de tudo! Comecei a imitar o fotógrafo e os fotografados e encheu de indiano - inclusive os fotógrafos - rachando o bico!)
Por isso conclui que eles não vão achar ruim um barbudo - aliás aqui já virei Ali Babá - fazendo estripulias no álbum de fotos deles. Bem de acordo com o humor indiano.
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