Agora estou na varanda da pousada, sem camisa nem sapatos, em uma cadeira muito da simples, no quarto andar, sobre as copas das árvores que enfeitam o belo jardim, entre elas uma mangueira, na mangueira um pássaro com topete, mirando, como eu, a posta do sol atrás das montanhas.
Agora estou ouvindo a Maca conversar com a Andrea (Cucha) no quarto ao lado, lembrando que apesar de seu português soar natural como um suspiro, o idioma da Maca é originalmente espanhol; o que não me impede de preferir ela falando o português brasileiro paulista com aquele restinho de sotaque chileno que dá um gosto especial.
Agora estou com certo calor, com um pouquinho de dor nas costas, com uma bermuda meio feia, com um quê de sono ou preguiça, com um par de pernilongos em minha órbita, com o pé bem sujo do dia andado de havaiana, com um princípio de vontade de ir ao banheiro, com uma grande vontade de regar tudo isso com uma qualquer coisa gelada lá no térreo.
Agora estou na Tailândia, em Chiang Mai, norte, olhando, como disse, o por do sol, a oeste, cercado por montanhas, tribos migradas de Myanmar, esportes radicais, trekking com elefantes, ringue de Muai Thai (boxe tailandês), restaurantes thai charmosos como uma Paraty, boates decadentes com meninas e mulheres e turistas com mais de 50, fast-food e starbucks, motos e mais motos, 200 mosteiros, shopping com cinema nacional que passa um minuto sobre o rei antes de começar o filme.
Agora estou mais magro, barba mais ou menos feita, corpo mais firme, mente mais clara, mais concentrado, mais tranquilo, e cada vez mais saudoso, mais satisfeito, mais cansado de carregar mochila.
Mas nada disso ganha. Por enquanto, por agora. Agora continuo aqui, impassível, escrevendo. Só porque tá bom. Só porque tá suficientemente bom.
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