Deixo para os mais cultos completar o xxxxx do título... aforismas, hai kai, whatever... o que importa é que nada disso importa e o que segue talvez seja o menos importante dos desimportantes textos que já publiquei até então neste blogue.
O fato é que desapareci por uns tempos. Uns nem notaram - muito bem!! Outros ficaram contentes com o silêncio - justo. Outros não se conformaram e escreveram cartas apaixonadas à produção deste blogue rogando por novos artigos, coisa que só tenho a lamentar e dizer: não tem nada melhor que fazer não?
Bom, independente de, mas bastante motivado pelos milhares de apelos, resolvi publicar algo. O impasse era inevitável, no entanto, já que este autor passou os últimos 10-1 dias (resultado = 9, mas não tô a fim de explicar por quê escrevi assim) em um monastério budista no norte da Tailândia, mais precisamente no Wat Ram Poeng, no simpático município de Chiang Mai. Indo direto ao assunto, o que é que vocês querem saber desta aventura, cuja rotina era: acordar às 4 da manhã com 40 gongadas na orelha; meditar 2 horas; tomar café - significa noodles ou arroz com pimenta, bem gostoso por sinal; banho frio, varre o pátio e medita por mais umas 3 horas; almoço - sim, meu caro, se você fez um pouco de contas, concluiu que o almoço era 10h30 da matina, mas o que você não concluiu ainda, sabidão, é que é a última refeição do dia; e o resto do dia, tirando uma pausa pro leitinho de soja ou pra fazer xixi, é meditação, até as 22hs. Detalhe: não podia olhar nos olhos de ninguém nem falar, nem ler, nem dormir de dia, nem comer nem beber nada após o meio-dia, nem vestir nada que não fosse branco, nem matar animais - mesmo barata - nem sair do templo, nem tocar ninguém, nem mostrar a sola do pé pra qualquer dos 200 Budas, Budinhas e Budas gordos risonhos do monastério. Quer dizer: podia, mas não devia; então não fiz nada disso...
Se eu fosse um jornalista tava feito. Era só copiar e colar 10-1=9 vezes o texto acima e a matéria estava feita.
Como não sou jornalista nem muito menos escritor vou fazer o que me dá na telha, que é falar das formigas que me fizeram companhia para entreter os corajosos leitores que ainda não sairam correndo.
Assim surgiram os tais aforismas, hai kais ou o raio que o parta. Bom, só essa lenga-lenga "inicial" já dava um post inteiro, então vou parar de devorar vorazmente seu precioso tempo e vou começar a terminar este artigo. Lá vão os aforismas/hai kai/whatever!!!
Considerações sobre as FORMIGAS
1. Tinha 2000 formigas em meu banheiro; foi a primeira vez que solucionei um problema fazendo uma cagada.
2. O meu banheiro deve ser pra uma formiga o que é a Tailândia para mim - praia, montanha, budistas, formigas...
3. Formigas também têm personalidade; conheci uma que gostava de andar nas 4 patas de trás.
4. Se tudo o que uma formiga faz é seguir a outra formiga; qual formiga vai primeiro?
5. (para os fotógrafos) Até uma formiga pode ser perfeita com a luz certa.
Considerações sobre a CONCENTRAÇÃO
6. Você sabe que está concentrado quando escova os dentes, dente por dente, sem olhar no espelho.
7. Você sabe que está concentrado quando percebe que piscou o olho.
8. Você sabe que está concentrado quando percebe que um mosquito picou seu olho - e você não se mexeu.
9. Você sabe que está concentrado quando percebe que uma formiga entrou e saiu do seu ouvido - e você não se mexeu.
10. Você sabe que está concentrado quando dois mosquitos kamikaze entraram pela narina direita - e você não se mexeu.
11. Você sabe que está concentrado quando o som chega na orelha, mas não ao ouvido.
12. Quem faz o que SABEM ser certo não sabe ao certo o que faz; quem faz o que SABE ser certo acerta.
13. O cúmulo da concentração é esquecer de respirar.
14. Meditar não é legal; é neutro.
15. Nossa cabeça funciona como se assistíssemos ao mundo em uma TV com 100 canais, 100 quadradinhos ao mesmo tempo, em que nos esforçamos para assistir um dos quadradinhos em algum canto da tela, desconsiderando os demais; o segredo é ver um canal só na tela inteira - ou desligar a TV de uma vez.
16. A mente não necessariamente comanda o corpo; mas o corpo necessariamente responde à mente.
17. Deixe o pernilongo picar; imagine se toda vez que você fosse morder um bife viesse uma vaca de 40 metros e esmagasse seu cérebro com a pata dianteira.
Considerações sobre o TEMPO e o TEMPLO:
18. Quem acorda às 4 da manhã com 40 badaladas em um gongo gigante não pode reclamar que não deu tempo.
19. A ansiedade é a mãe e a filha da ansiedade.
20. Novo estatuto budista: toda estátua de Buda deve ter uma mosca no nariz.
21. 10 dias sem tomar uma cerveja. Sim, só isso.
E, finalizando, para todos os pais que sempre tiveram dificuldades explicando para os filhos que diabos é um arroto, um soluço ou um espirro, segue uma explicação assaz operativa que me ocorreu em um momento de muita luz:
22a. O soluço é o espirro do esôfago;
22b. O espirro é o arroto do pulmão;
22c. O arroto é o soluço da barriga.
E tenho dito.
Agora abro espaço no Blogue para a votação do aforisma mais ridículo; até me dei ao trabalho de numerar para ficar mais fácil e depois poder fazer gráficos em excel com os resultados.
Mexam-se!!!
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3 comentários:
Menos mal que no perdiste el sentido del humor! No voy a preguntar cuántas cervejas te tomaste después de ese encierro. Valor!
Desculpe, mas faltou explicar melhor a parte de resolver o problema com uma cagada...
abs!
Celoo!
Sabe que um dia até passou pela minha cabeça a idéia de passar um tempo num templo meditando...
Hoje, depois do que li, eu até toparia, mas pensaria duas vezes...
Ninguém morre de silêncio, isso é certo. (seria isso um aforisma?)
quanto aos aforismas, gostei muito da 12. E a 18 me fez lembrar que eu prefiro ficar acordado madrugada adentro do que acordar na madrugada.
Abraços meu caro!
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