Estamos longe. Mas cada vez mais concordo com meu amigo Grauss que não precisamos de mais que nosso quarteirão para sermos felizes!
Posso olhar para o alto do Everest e me sentir-me sublime por um momento.
Posso subir o Kilimanjaro e sentir-me no céu por um momento.
Posso estirar-me na praia em Zanzibar e sentir-me Adão por um momento.
Posso, de cima de um elefante, presenciar um tigre caçando veados e sentir-me selvagem por um momento.
Posso ver o negro dançando e sentir-me alemão por um momento.
Posso receber um sorriso malagasi e sentir-me criança por um momento.
Posso ver um nascer do sol flamejante no Vietnã e sentir-me pescador por um momento.
Posso ouvir o canto estridente das cigarras enquanto medito e sentir-me ausente por um momento.
Posso ver a africana pintada seminua cozinhando funge e me sentir fútil por um momento.
Posso assustar-me com o rinoceronte marchando em direção ao meu carro e sentir-me vulnerável por um momento.
Posso admirar o tibetano prostrando e sentir-me vazio por um momento.
Posso deslumbrar-me com a cidade azul de Jodhpur no por-do-sol e sentir-me em paz por um momento.
Posso receber uma massagem thai por uma hora e sentir-me chiclete por um momento.
Posso assustar-me com os crânios de Choueng Ek (Killing Fields) no Camboja e sentir-me impotente por um momento.
Todos estes sentimentos, no entanto, quem me proporcionou não foi o lugar que visitamos, não foram as pessoas que conhecemos, não foi a comida que provamos, não foi a paisagem que vimos, não foi o exercício que fizemos. Poderia ter sido na Pompéia, em que vi uma menina atropelada; na Heitor Penteado em que ajudei uma velhinha perdida; poderia ser no meu prédio em que briguei com o vizinho de sopetão; poderia ser durante a reunião de trabalho em Curitiba, enquanto almoçávamos pizza de excel com peperoni; poderia ser na esquina de casa em que a Maca foi assaltada; poderia ser no Ó do Borogodó celebrando pré-carnaval; poderia ser na padaria em que fiz questão dos 3 centavos; poderia ser numa festa boy em que me ameaçaram com uma faca no pescoço; poderia ser na praça ao lado de casa, onde minha afilhada Flora deu os primeiros passos.
Por isso devo demarcar meu território, apreciar cada esquina do meu bairro, admirar cada detalhe do meu corpo e considerar cada canto obscuro da minha mente. Ali no pé, entre o dedão e o anular, perto daquela ex-unha encravada, pode estar a resposta do meu próximo problema.
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2 comentários:
No dia que eu estava presente, em curitiba, a pizza era de Power Point. Acho que tava mais saborosa que a de excel, inclusive!
abs
Sim, meu caro, mas a massa da de portal com peperoni (thin and crispy?) nao pode ser melhor!!!
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